Para Freud os esquizofrênicos parecem filósofos. O esquizofrênico é o produtor universal, não se pode distinguir o produzir e o seu produto. O esquizofrênico dispõe de modos particulares de referência diferentes do código social. O esquizofrênico vive a natureza como processo de produção. Há três sentidos para a produção: produção de produções (de ações e de reações); produções de registros (de distribuições e de pontos de referência); produções de consumos (de volúpias, angústias e dores). O homem e a natureza não são dois termos distintos. O objeto supõe a continuidade de um fluxo e o produzir está sempre inserido no produto. Parte da libido, como energia de produção, transformou-se em energia de registro (Numen), uma parte desta se transforma em energia de consumo (Voluptas). A esquizofrenia é o processo de produção do desejo e das máquinas desejantes.
Em primeiro lugar, uma máquina se define como um sistema de cortes, ou seja, está em relação com um fluxo material contínuo que ela corta. Em segundo lugar, todas as máquinas comportam uma espécie de código que está armazenado nela, este código é inseparável do seu registro e da sua transmissão nas diferentes regiões do corpo. Em terceiro lugar, define-se o corte-resto ou resíduo, que produz um sujeito ao lado da máquina, adjacente a ela: esse sujeito não tem uma identidade específica ou pessoal. O primeiro modo remete para a síntese conectiva e mobiliza a libido como energia de extração. O segundo, para a síntese disjuntiva, mobiliza o Numen como energia de destacamento. O terceiro, para a síntese conjuntiva, e mobiliza a Voluptas como energia residual. Extrair, destacar e restar, é produzir, é efetuar as operações reais do desejo. Parte-se do princípio que o desejo é sempre constitutivo de um campo social.
Destacam-se três tipos de máquinas sociais. Uma máquina técnica implica um elemento não humano, atuante, transmissor ou motor, mesmo manual em sua forma mais simples, que prolonga a força do homem. A máquina territorial é a primeira forma de socius, a máquina de inscrição primitiva - mega-máquina que cobre o campo social. A sociedade primitiva não é um meio de troca (que objetiva fazer circular), mas é um locus em que o essencial é marcar e ser marcado, pois só há circulação onde a inscrição e a codificação permite ou exige. Já uma máquina despótica promove uma destruição das codificações primitivas por reduzi-las a elementos secundários. O déspota recusa as alianças e as filiações dos primitivos, colocando-se como um sujeito de um saber desterritorializado que o liga diretamente a Deus e o conecta ao povo. Para que a máquina capitalista nasça vai ser preciso uma conjunção de fluxos descodificados: o trabalhador desterritorializado transformado em trabalhador livre e nu (vendendo sua força de trabalho) e o dinheiro descodificado transformado em capital (capaz de comprar a força de trabalho).
Só há máquinas, grupos e populações no inconsciente. A verdadeira diferença está entre as máquinas molares, sejam elas sociais, técnicas ou orgânicas, e as máquinas desejantes que são de ordem molecular. As máquinas desejantes moleculares são investimentos das grandes máquinas molares. Deriva daí dois pólos distintos do investimento libidinal social: o pólo paranóico, reacionário fascista e o pólo esquizóide revolucionário. Os dois pólos definem-se, o primeiro, por linhas de integração e territorialização que param os fluxos, os estrangulam, estendem e recortam segundo os limites interiores do sistema; o outro, por linhas de fuga que os fluxos descodificados e desterritorializados seguem, inventando os seus próprios cortes. O investimento paranóico submete a produção desejante fazendo passar o limite para dentro do socius, deslocando-o entre dois conjuntos molares: o social como partida e o familiar como chegada. Definem-se, portanto, entre os paranóicos como grupos sujeitados e os esquizos como grupos-sujeitos.
O revolucionário é o primeiro a ter o direito de dizer: O Édipo? Sei lá o que é isso! Trata-se de deixar passar um fluxo esquizofrênico capaz de subverter o campo da psicanálise. Acontece até de um único homem funcione como fluxo-esquize, como grupo-sujeito, em ruptura com o grupo sujeitado de se excluiu ou é excluído: Artaud, o esquizo. A esquizofrenia não é a identidade do capitalismo, mas a sua diferença, o seu desvio, a sua morte.
Em primeiro lugar, uma máquina se define como um sistema de cortes, ou seja, está em relação com um fluxo material contínuo que ela corta. Em segundo lugar, todas as máquinas comportam uma espécie de código que está armazenado nela, este código é inseparável do seu registro e da sua transmissão nas diferentes regiões do corpo. Em terceiro lugar, define-se o corte-resto ou resíduo, que produz um sujeito ao lado da máquina, adjacente a ela: esse sujeito não tem uma identidade específica ou pessoal. O primeiro modo remete para a síntese conectiva e mobiliza a libido como energia de extração. O segundo, para a síntese disjuntiva, mobiliza o Numen como energia de destacamento. O terceiro, para a síntese conjuntiva, e mobiliza a Voluptas como energia residual. Extrair, destacar e restar, é produzir, é efetuar as operações reais do desejo. Parte-se do princípio que o desejo é sempre constitutivo de um campo social.
Destacam-se três tipos de máquinas sociais. Uma máquina técnica implica um elemento não humano, atuante, transmissor ou motor, mesmo manual em sua forma mais simples, que prolonga a força do homem. A máquina territorial é a primeira forma de socius, a máquina de inscrição primitiva - mega-máquina que cobre o campo social. A sociedade primitiva não é um meio de troca (que objetiva fazer circular), mas é um locus em que o essencial é marcar e ser marcado, pois só há circulação onde a inscrição e a codificação permite ou exige. Já uma máquina despótica promove uma destruição das codificações primitivas por reduzi-las a elementos secundários. O déspota recusa as alianças e as filiações dos primitivos, colocando-se como um sujeito de um saber desterritorializado que o liga diretamente a Deus e o conecta ao povo. Para que a máquina capitalista nasça vai ser preciso uma conjunção de fluxos descodificados: o trabalhador desterritorializado transformado em trabalhador livre e nu (vendendo sua força de trabalho) e o dinheiro descodificado transformado em capital (capaz de comprar a força de trabalho).
Só há máquinas, grupos e populações no inconsciente. A verdadeira diferença está entre as máquinas molares, sejam elas sociais, técnicas ou orgânicas, e as máquinas desejantes que são de ordem molecular. As máquinas desejantes moleculares são investimentos das grandes máquinas molares. Deriva daí dois pólos distintos do investimento libidinal social: o pólo paranóico, reacionário fascista e o pólo esquizóide revolucionário. Os dois pólos definem-se, o primeiro, por linhas de integração e territorialização que param os fluxos, os estrangulam, estendem e recortam segundo os limites interiores do sistema; o outro, por linhas de fuga que os fluxos descodificados e desterritorializados seguem, inventando os seus próprios cortes. O investimento paranóico submete a produção desejante fazendo passar o limite para dentro do socius, deslocando-o entre dois conjuntos molares: o social como partida e o familiar como chegada. Definem-se, portanto, entre os paranóicos como grupos sujeitados e os esquizos como grupos-sujeitos.
O revolucionário é o primeiro a ter o direito de dizer: O Édipo? Sei lá o que é isso! Trata-se de deixar passar um fluxo esquizofrênico capaz de subverter o campo da psicanálise. Acontece até de um único homem funcione como fluxo-esquize, como grupo-sujeito, em ruptura com o grupo sujeitado de se excluiu ou é excluído: Artaud, o esquizo. A esquizofrenia não é a identidade do capitalismo, mas a sua diferença, o seu desvio, a sua morte.
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